Olá
pessoal, a paz de Jesus, tudo bem?
Em
uma de suas famosas catequeses realizadas na Praça São Pedro, o Papa Francisco
falou sobre a realidade visível e a realidade espiritual da Igreja.
Eis
o texto na íntegra:
Queridos irmãos e irmãs, bom
dia
Nas catequeses precedentes,
tivemos a oportunidade de evidenciar como a Igreja tem uma natureza espiritual:
é o corpo de Cristo, edificado no Espírito Santo. Quando nos referimos à
Igreja, porém, imediatamente o pensamento vai para as nossas comunidades, às
nossas paróquias, às nossas dioceses, às estruturas nas quais nos reunimos e,
obviamente, também à componente e às figuras mais institucionais que a regem,
que a governam. Esta é a realidade visível da Igreja. Devemos nos perguntar,
então: trata-se de duas coisas diversas ou da única Igreja? E, se é sempre a
única Igreja, como podemos entender a relação entre a sua realidade visível e
aquela espiritual?
1. Antes de tudo, quando
falamos da realidade visível da Igreja, não devemos pensar somente no Papa, nos
bispos, nos padres, nas irmãs e em todas as pessoas consagradas. A realidade
visível da Igreja é constituída por tantos irmãos e irmãs batizados que no
mundo acreditam, esperam e amam. Mas tantas vezes ouvimos dizer: “Mas, a Igreja
não faz isto, a Igreja não faz aquilo…”. “Mas, diga-me, quem é a Igreja?”. “São
os padres, os bispos, o Papa…”. A Igreja somos todos, nós! Todos os batizados
somos a Igreja, a Igreja de Jesus. De todos aqueles que seguem o Senhor Jesus e
que, no seu nome, fazem-se próximos aos últimos e aos sofredores, procurando
oferecer um pouco de alívio, de conforto e de paz. Todos aqueles que fazem
aquilo que o Senhor nos ordenou são a Igreja. Compreendemos, então, que também
a realidade visível da Igreja não é mensurável, não é conhecível em toda a sua
plenitude: como se faz para conhecer todo o bem que é feito? Tantas obras de
amor, tanta fidelidade nas famílias, tanto trabalho para educar os filhos, para
transmitir a fé, tanto sofrimento nos doentes que oferecem os seus sofrimentos
ao Senhor… Mas isto não se pode mensurar e é tão grande! Como se faz para
conhecer todas as maravilhas que, através de nós, Cristo é capaz de operar no
coração e na vida de cada pessoa? Vejam: também a realidade visível da Igreja
vai além do nosso controle, vai além das nossas forças e é uma realidade
misteriosa, porque vem de Deus.
2. Para compreender a
relação na Igreja, a relação entre a sua realidade visível e aquela espiritual,
não há outro caminho que não olhar para Cristo, do qual a Igreja constitui o
corpo e do qual foi gerada, em um ato de infinito amor. Também em Cristo, de
fato, em força do mistério da Encarnação, reconhecemos uma natureza humana e
uma natureza divina, unidas na mesma pessoa de modo admirável e indissolúvel.
Isso vale de modo análogo também para a Igreja. E como em Cristo a natureza
humana ajuda plenamente aquela divina e se coloca ao seu serviço, em função do
cumprimento da salvação, assim acontece, na Igreja, pela sua realidade visível,
nos confrontos da realidade espiritual. Também a Igreja, então, é um mistério,
no qual aquilo que não se vê é mais importante que aquilo que se vê e pode ser
reconhecido somente com os olhos da fé (cfr Cost. dogm. sulla Chiesa Lumen
gentium, 8).
3. No caso da Igreja, porém,
devemos nos perguntar: como a realidade visível pode colocar-se a serviço
daquela espiritual? Mais uma vez, podemos compreender isso olhando para Cristo.
Cristo é o modelo da Igreja, porque a Igreja é o seu corpo. É o modelo de todos
os cristãos, de todo nós. Quando se olha Cristo não se erra. No Evangelho de
Lucas, conta-se como Jesus, tendo voltado a Nazaré, onde havia crescido, entrou
na sinagoga e leu, referindo-se a si mesmo, o trecho do profeta Isaías onde
está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim; por isto me consagrou com a
unção e me mandou para enviar aos pobres o bom anúncio, para proclamar aos
prisioneiros a libertação e aos cegos a vista; para por em liberdade os
oprimidos, para proclamar o ano de graça do Senhor” (4, 18-19). Bem: como
Cristo serviu-se da sua humanidade – porque era também homem – para anunciar e
realizar o desígnio divino de redenção e de salvação – porque era Deus – assim
deve ser também para a Igreja. Através da sua realidade visível, de tudo aquilo
que se vê, os sacramentos e o testemunho de todos nós cristãos, a Igreja é
chamada a cada dia a fazer-se próxima a cada homem, a começar por quem é pobre,
por quem sofre e por quem está marginalizado, de modo a continuar a fazer
sentir sobre todos o olhar compassivo e misericordioso de Jesus.
Queridos irmãos e irmãs,
muitas vezes, como Igreja, fazemos experiência da nossa fragilidade e dos
nossos limites. Todos os temos. Todos somos pecadores. Ninguém de nós pode
dizer: “Eu não sou pecador”. Mas se algum de nós sente que não é pecador,
levante a mão. Todos o somos. E esta fragilidade, estes limites, estes nossos
pecados, é justo que procurem em nós um profundo desprazer, sobretudo quando
damos mal exemplo e nos damos conta de nos tornar motivo de escândalo. Quantas
vezes ouvimos, nos bairros: “Mas, aquela pessoa lá vai sempre à Igreja, mas
fala mal de todos…”. Isto não é cristão, é um mal exemplo: é um pecado. O nosso
testemunho é aquele de fazer entender o que significa ser cristão. Peçamos para
não sermos motivo de escândalo. Peçamos o dom da fé, para que possamos
compreender como, não obstante a nossa pequenez e a nossa pobreza, o Senhor nos
tornou realmente instrumento de graça e sinal visível do seu amor por toda a
humanidade. Podemos nos tornar motivo de escândalo, sim. Mas podemos também nos
tornar motivo de testemunho, dizendo com a nossa vida aquilo que Jesus quer de
nós.
Papa Francisco - Foto: Internet |
Fonte: RCC Brasil
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