Em uma de suas catequeses na Praça São Pedro, o
Papa Francisco falou sobre a Igreja Católica. Leia na íntegra:
“Queridos irmãos e irmãs. ao
apresentar a Igreja aos homens do nosso tempo, o Concílio Vaticano II tinha bem
presente uma verdade fundamental, que não se pode nunca esquecer: a Igreja não
é uma realidade estática, parada, com fim em si mesma, mas está continuamente
em caminho na história, rumo à meta última e maravilhosa que é o Reino dos
céus, do qual a Igreja na terra é a semente e o início (cfr. Conc. Ecum. Vat.
II, Cost. dog. sobre a Igreja Lumen
Gentium, 5).
Quando nos dirigimos para este
horizonte, percebemos que a nossa imaginação bloqueia, revelando-se capaz
apenas de intuir o esplendor do mistério que supera os nossos sentidos. E
surgem espontaneamente em nós algumas perguntas: quando acontecerá esta passagem
final? Como será a nova dimensão na qual a Igreja entrará? O que será, então,
da humanidade? E da criação que nos circunda? Mas estas perguntas não são
novas, os discípulos já as haviam feito a Jesus naquele tempo: “Mas quando isso
acontecerá? Quando será o triunfo do Espírito sobre a criação, sobre o criado,
sobre tudo...” São perguntas humanas, perguntas antigas. Também nós
fazemos estas perguntas.
A Constituição conciliar Gaudium et Spes, diante dessas
interrogações que ressoam desde sempre no coração do homem, afirma: “Ignoramos
o tempo em que terão fim a terra e a humanidade, e não sabemos o modo em que
será transformado o universo. Passa certamente o aspecto desse mundo, deformado
pelo pecado. Sabemos, porém, pela Revelação, que Deus prepara uma nova
habitação e uma terra nova, em que habita a justiça e cuja felicidade saciará
abundantemente todos os desejos de paz que surgem no coração dos homens” (n.
39). Eis a meta à qual tende a Igreja: é, como diz a Bíblia, a “Nova
Jerusalém”, o “Paraíso”. Mais que um lugar, trata-se de um “estado” da alma em
que as nossas expectativas mais profundas serão realizadas de modo
superabundante e o nosso ser, como criaturas e como filhos de Deus, chegará à
plena maturidade. Seremos finalmente revestidos pela alegria, pela paz e pelo
amor de Deus de modo completo, sem mais limite algum, e estaremos face a face
com Ele! (cfr 1 Cor 13, 12). É belo pensar nisto, pensar no Céu. Todos nós nos
encontraremos lá, todos. É belo, dá força à alma.
Nesta perspectiva, é belo perceber
como há uma continuidade e uma comunhão de fundo entre a Igreja que está no Céu
e aquela ainda em caminho na terra. Aqueles que já vivem na presença de Deus
podem, de fato, nos apoiar e interceder por nós, rezar por nós. Por outro lado,
também nós somos sempre convidados a oferecer obras boas, orações e a própria
Eucaristia para aliviar a tribulação das almas que ainda estão à espera da
beatitude sem fim. Sim, porque na perspectiva cristã, a distinção não é entre
quem já está morto e quem ainda não está, mas entre quem está em Cristo e quem
não o está! Este é o elemento determinante, realmente decisivo para a nossa
salvação e para a nossa felicidade.
Ao mesmo tempo, a Sagrada Escritura
nos ensina que a realização deste desígnio maravilhoso não pode não interessar
também a tudo aquilo que nos circunda e que saiu do pensamento e do coração de
Deus. O apóstolo Paulo o afirma de modo explícito, quando diz que “também a
mesma criação será libertada da escravidão da corrupção, para entrar na
liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8, 21). Outros textos utilizam a
imagem do “céu novo” e da “terra nova” (cfr 2 Pe 3, 13; Ap 21, 1), no sentido
de que todo o universo será renovado e será libertado uma vez para sempre de
todo traço do mal e da própria morte. Aquela que se prospecta, como cumprimento
de uma transformação que na realidade já está em ação a partir da morte e
ressurreição de Cristo, é então uma nova criação; não, portanto, o
aniquilamento do cosmo e de tudo aquilo que nos circunda, mas um levar cada coisa
à sua plenitude de ser, de verdade, de beleza. Este é o desígnio que Deus, Pai,
Filho e Espírito Santo, desde sempre quer realizar e está realizando.
Queridos amigos, quando pensamos
nestas realidades maravilhosas que nos esperam, percebemos o quanto pertencer à
Igreja é realmente um dom maravilhoso, que traz inscrita uma vocação altíssima!
Peçamos, então, à Virgem Maria, Mãe da Igreja, para vigiar sempre sobre o nosso
caminho e nos ajudar a ser, como ela, sinal alegre de confiança e de esperança
em meio aos nossos irmãos.”
Foto: Internet |
Fonte: RCC Brasil
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